Viagem de Jeep de Fortaleza até à maravilhosa praia de Jericoacoara

A vista do meu quarto ao acordar.
A piscina da Pousada Vagalume, em Guajiru.

Uma das lagoas que tivemos de atravessar.

As férias que fiz no Brasil, no estado do Ceará, foram das que mais me marcaram até hoje pela positiva. Tudo correu pelo melhor, desde os voos sem turbulência entre Lisboa e Fortaleza (sete horas de voo), aos alojamentos onde fiquei, sem esquecer o mais importante: o guia que nos transportou de Fortaleza até ao Parque Nacional de Jericoacoara, o Guilherme Sá Pessoa. O Guilherme é um português muito simpático que vive em Fortaleza há já vários anos, onde criou a empresa Maresia Viagens. Lembrava-me de o ter visto no programa Portugueses no Mundo mas, já antes disto, ele tinha transportado várias pessoas da minha família num percurso de Jeep entre Fortaleza e os Lençóis do Maranhão, a chamada Rota das Emoções. Não pude fazer este trajecto completo, mas fiz uma parte - de Fortaleza a Jericoacoara - e foi uma viagem memorável onde poucas vezes andámos por estradas. O tempo passou a voar porque o Guilherme é bom conversador e foi contando imensas histórias e curiosidades sobre os locais por onde íamos passando e sobre o Ceará no geral. O caminho foi quase todo feito pela costa (o Guilherme tem um Jeep) a atravessar praias lindíssimas, quase sempre vazias, incluindo uma travessias de uma lagoa feita numa balsa, uma passagem por um cemitério em plena praia (nunca tinha visto tal coisa!) e, já no final da viagem, dunas, muitas dunas e ainda mais dunas. Enquanto por estrada o trajecto tem cerca de 300 quilómetros e se faz em quatro horas, nós optámos por fazer o caminho pela orla marítima, o que leva em média dois dias a fazer com paragem para dormir a meio do percurso.  No meu caso, fiz num dia apenas porque fui dormir a uma hora a norte de Fortaleza e no dia seguinte acordámos bem cedinho para fazer uma boa parte do trajecto junto ao mar. Aterrámos de noite em Fortaleza e o Guilherme foi-nos apanhar ao aeroporto e levar à Pousada Vagalume, a cerca de uma hora da cidade, em Guajiru, já depois de Cumbuco. Não podia ter começado a viagem de melhor maneira. A pousada era mag-ní-fi-ca! Tinha uma decoração tropical de tremendo bom gosto, quartos grandes e confortáveis, uma piscina linda e depois aquela praia imensa aos nossos pés! Apetecia-me ter estado umas duas horas a saborear o delicioso "café da manhã" com aquela vista inspiradora, mas Jericoacoara esperava por nós. A viagem foi longa - cerca de quatro horas pela costa e mais duas por estrada e dunas - mas nem dei pelas horas passarem.  E repetia tudo outra vez, se não houvesse ainda tanto mundo por descobrir.



A pitoresca vila de Mundaú vista do topo de uma duna.
Ainda tive tempo para fazer amigos que praticavam bodyboard,
divertidamente, com uma prancha improvisada de esferovite.
Casa amorosa mesmo em frente ao mar. A proprietária recebe, frequentemente,
propostas de compra mas não aceita, não quer sair dali. E eu entendo tão bem...



O trajecto junto ao mar teve passagem em Flecheiras, Mundaú e Icaraízinho. E aquilo que me marcou mais ao longo do passeio foi o cemitério na praia. Nunca tinha visto tal coisa, é um cenário desconcertante porque as campas estão demasiado perto do mar e postas de uma forma desordenada. Eu diria que se trata de um cemitério improvisado, clandestino. Uma coisa é certa, não tem manutenção, ou não seria possível detectar a olho nu, aqui e acolá, umas ossadas na areia.... Reparem bem no canto inferior direito da primeira foto. Pois. E vi ossos bem maiores.






A última meia hora da viagem, chegando a Jijoca, e já depois de passar a entrada oficial do Parque Natural de Jericoacoara, é a cereja em cima do bolo. As estradas de terra batida desaparecem e dão lugar a uma imensidão de dunas, algumas delas com uma altura impressionante. Ao longo de 20 quilómetros, a distância que separa a vila de Jijoca de Jeri (o diminutivo que todos usam para se referem a Jericoacoara), o movimento é animado, porque um dos passeios mais populares entre os turistas insiste em andar de buggy nas dunas. Também se vêm os "paus de arara", os transportes públicos que transportam turistas que chegam de autocarro ou viatura privada a Jijoca. E há turistas de várias partes do mundo. Esta antiga vila de pescadores isolada da civilização ganhou destaque no mapa mundial desde que a sua praia foi eleita uma das 10 praias mais bonitas do mundo por uma prestigiada revista de viagens americana. Há 20 anos atrás, havia apenas quatro ou cinco pousadas e não havia sequer luz elétrica. Conheço quem lá tenha ido nesta altura. Ouvi muitas histórias sobre as famosas noites de forró, os luaus na praia, as festas de capoeira, as "peladinhas"(jogos de futebol na praia), os ginastas acrobatas a treinar exercícios ao pôr do sol, as caipirinhas de frutos exóticos no topo da duna gigante, os almoços na praia com peixe grelhado acabado de apanhar pelos pescadores minutos antes.... Encontrei tudo isto, mas já com a vila iluminada pela luz elétrica, repleta de pousadas e hotéis, lojas e agências de turismo. E como fui durante a época baixa, não havia turistas a mais e os preços não estavam inflacionados. O ambiente de Jeri agradou-me de imediato. Tem um conceito "hippie chic". Gente descontraída, sem cerimónias, mas bem vestida e com um ar lavadinho. Gente de muitos países, mas com predominância de italianos e argentinos. Foram quatro noites estupendas que passaram num ápice e deixaram saudades.





Há burros selvagens por todo o lado, chamam-lhes "Jegue". Esta imagem permite ter
uma noção da altura gigantesca desta duna, o equivalente a um prédio de mais de dez andares.


Ao fundo, a vila de Jericoacoara.
A minha primeira caipirinha de siriguela a dar-me as boas vindas!

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