Que tal trocar de casa nas férias?

Curiosamente, a primeira vez que ouvi falar de troca de casas para férias foi através da minha mãe, há uns seis ou sete anos atrás. Na altura, ela  tinha umas colegas no emprego que já tinham trocado as casas onde viviam em Lisboa e arredores por outras por esse mundo fora. Uma dessas amigas chegou mesmo a trocar um apartamento de férias junto à Ericeira por um pequeno castelo no Vale do Loire. Achei esta história fantástica! E mais, achei que estas amigas eram muito à frente porque muitas delas tinham mais de 55 anos, o que demonstrava uma abertura de espírito notável. Confesso que a ideia de trocar a casa onde vivo, com todos os meus pertences, não me agrada por aí além... Mas fazê-lo com uma segunda habitação já não me incomoda nadinha. E assim, um belo dia, já proprietária de uma segunda casa em Lisboa, resolvi ir espreitar o site Homeexchange.com e registar-me, pagando uma quantia irrisória: 35 euros ao ano. Agora, alguns anos mais tarde, estou já a caminho da quarta troca e acho que já ninguém me vai fazer parar! Aqui ficam algumas coisas que aprendi nos últimos anos.

1- PLANEAR ATEMPADAMENTE
As férias de Verão devem começar a ser planeadas a partir de Dezembro do ano anterior. Pode parecer um exagero tanta antecedência mas não é. No ano em que me inscrevi, fi-lo em finais de Fevereiro e comecei logo a fazer contactos com franceses com casa em Biarritz, para onde tencionava ir. Descobri que já tinham todos trocas combinadas e não pude seguir com o meu desejo de visitar aquela região. Acabei por ir parar a uma vila de pescadores amorosa perto de Tarifa: Zahara de los Atunes. É claro que nem toda a gente tem planos de férias fechados em Fevereiro, porque assim que o meu anúncio ficou visível comecei a ser bombardeada com "n" propostas interessantes, mas nada encaixava nas prioridades que tinha definido... Tive de me sujeitar ao que havia. Mas planeando com tempo, temos o Mundo inteiro ao nosso alcance. Para jogar pelo seguro e aproveitar os preços das companhias low cost, fechei no passado mês de Abril uma troca para Dezembro. Falta imenso tempo, bem sei, mas já está tudo acertado e voos comprados a preço de saldo. E esta viagem já ninguém me tira.

2- TROCA-SE PALÁCIO REAL POR TENDA DE CAMPISMO
De início, fez-me muita confusão algumas das propostas de troca que recebi, ao ponto de julgar que estavam a gozar comigo ou que se tinham enganado no anúncio. Convém explicar que a casa que registei é um estúdio muito fofuxo, as fotos estão lindas, mas o apartamento tem menos de 40 metros quadrados. Daí ficar incrédula com propostas de troca por mansões de luxo em Miami, casarões em Florianópolis, coberturas em Paris, vivendas em Orlando e outras casas surreais onde o meu mini apartamento caberia mais de dez vezes à vontadinha.... Mas sim, é real, há quem procure apenas um local com bom ar e central para dormir e não se importe se não existe termo de comparação. Parece bom demais para ser verdade mas, sim, podemos trocar uma casinha de "pynipons" por um castelo do século XIX nos Alpes austríacos.

3- PRIMEIRO VENS TU, DEPOIS VOU EU (ou vice-versa)
Até agora, nunca fiz trocas simultâneas de casa, embora haja muita gente que o faça. Como a casa que troco não é a casa onde vivo, não tenho necessidade de o fazer. E como gosto de conhecer as pessoas com quem troco de casa, só escolho casas que também são segunda habitação (existe um filtro no site que permite seleccionar esta opção). Deste modo, posso ficar a conhecer as pessoas com quem combinei a troca e a experiência, na minha opinião, é bastante mais enriquecedora. Fiz recentemente de anfitriã a uns parisienses e só faltou dar-lhes colinho. Passeámos juntos, jantámos juntos e deixei-lhes um cabaz gourmet no apartamento. Mas tenho cá um "feeling"de que não vai acontecer o inverso.... Acredito que a hospitalidade tuga está entre as melhores. Vamos ver... ( adenda em setembro de 2015: os parisienses nem me deram a chave em mão.... não os voltei a ver em Paris..bem me parecia que não ia ser igual!)

4 -DAR O DITO POR NÃO DITO
De início, quando procurava uma casa, escrevia a uma pessoa de cada vez e ficava alguns dias à espera de resposta até perceber, com o passar do tempo, que a maior parte das pessoas não responde de todo às mensagens. Agora sei que quando procuramos casa num determinado local vale a pena escrever para umas quinze, ou mais, uma só vez e depois logo se vê. Muita gente ignora as mensagens, outras seleccionam o envio automático de resposta negativa, três ou quatro dão-se ao trabalho de escrever uma mensagem personalizada a dizer que já estiveram em Lisboa ou que este ano não podem vir mas vão guardar o nosso contacto e, com sorte, duas ou três mostram interesse. Neste ano, quis trocar de casa com estrangeiros que têm apartamentos de férias no Algarve e escrevi para imensos. Só cerca de 30% é que me respondeu e cheguei a ter troca combinada com duas famílias, primeiro com uns irlandeses e depois com uns belgas, Ambos roeram a corda algumas semanas depois de estar tudo combinado, o que foi uma desilusão total. Há sempre um grau de risco, envolvido, mas acho que tive azar com as pessoas... Eu era incapaz de tirar o tapete a alguém desta maneira. Felizmente, não envolvia compra de bilhetes de avião. Por isso, quando combinarem uma troca, tentem ir falando várias vezes com as pessoas, telefonem uma vez e avisem da compra dos bilhetes de avião. Façam tudo isto aravés da caixa de mensagens do Homeexchange para ficar registado e coberto pelo seguro da empresa em caso de haver algum azar.

5- MIMINHO É TÃO BOM!
Mandam as regras da cortesia deixar tudo bem preparado para receber as pessoas que vão trocar de casa connosco. Eu deixo sempre um cesto com frutas, uma garrafa de vinho, um queijo,  mapas e uma lista de dicas e locais a visitar, como mercados, eventos na cidade, restaurantes, transportes a usar, etc  Os espanhóis que me receberam perto de Tarifa fizeram o mesmo e, se não fosse isso, nunca teria descoberto uma vila histórica (Castelar Viejo) a uma hora e meia de Zahara de los Atunes, que adorei visitar e que, por incrível que pareça, não vem nos guias de viagem. Se tiverem sorte com as pessoas, até podem criar amizade com elas. Recebi uns italianos há três anos que ainda hoje me escrevem. 

Este ano, tenho já duas trocas combinadas e, viciada como sou em viagens, já ando a pensar nas trocas de 2016...  Se pesquisarmos no site Homeexchange encontramos casas disponíveis em todo o lado! Açores, Islândia, Hawai, Bali, Japão.. e podemos até usar os fitros de pequisa para procurar quem quer vir especificamente para Lisboa e assim ver as casas com maior potencial de troca. Dá para estar horas entretida nisto.... Enfim, sonhar é tão bom. E é grátis!