Takayama Matsuri, um dos principais festivais do Japão





Cartaz com todos os "carros santuários".

Cada carro transporta cerca de 100 lanternas
Para japonês, este estava eufórico.


Dizem que o Festival Takayama Matsuri é um dos três festivais mais bonitos do Japão. Na verdade, são dois festivais, um na Primavera (Sanno Matsuri a 14 e 15 de Abril) e outro no Outono (Hachiman Matsuri a 9 e 10 de Outubro), que decorrem em templos diferentes da mesma cidade. Mas tirando isto, ambos consistem no mesmo: um desfile nocturmo e outro diurno de 11 carros, todos diferentes, decorados com lanternas e símbolos alusivos aos templos da região e uma espectáculo diurno de marionetas. Durante o festival, estes carros são transportados por vários homens da cidade ao longo de uma procissão à qual assistem milhares de pessoas vindos de vários pontos do Japão. Trata-se de um evento século que, estima-se, terá surgido algures entre o séc. XVI e XVII, durante o domínio da família Kanamori.



Uma das coisas de que mais gostei de ver ao longo da procissão foram os trajes tradicionais de camponeses e outros que são usados nos santuários shintoistas. Estava fascinada com a diferença. De noite, estas personagens brilhavam devido às lanternas que levavam na mão. As luzes destas lanternas e das que seguiam penduradas nos carros sobressaiam no escuro da noite. E apesar de estarmos numa celebração festiva, não pude deixar de estranhar o silêncio que reinava nas ruas. Tirando um ligeiro burburinho de pessoas a falarem baixinho e os cliques e flashes das muitas máquinas fotográficas que fariam inveja a muitos profissionais da imagem, o ambiente era estranhamente tranquilo. As bebedeiras de que me fui apercebendo ao longo da noite, eram contidas e apenas transpareciam nalguns esgares e sorrisos mais rasgados do que o normal, resultado de pequenos ajuntamentos de transportadores dos carros que, aqui e acolá, faziam paragens para descansar e beber uns copos de saké. E Takayama é uma referência no Japão, com longa tradição na produção artesanal de vinho de arroz, por isso devia haver bebida em fartura. Mas se fosse em Portugal, haveria gritos, gargalhadas, encontrões e até alguma euforia. No Japão, até as festas são do mais civilizado que pode haver. 




No dia seguinte, durante a manhã, todos os carros do desfile estão em exposição numa das ruas do centro de Takayama. E com a luz do dia é que podemos apreciar cada detalhe da sua decoração. Depois, há nova procissão para levar os carros até um templo e a meio do dia um outro acontecimento reúne a atenção dos visitantes. O Karakuri, um espectáculo de marionetas que surgiu no séc XVIII. nas regiões de Quioto, Nagoya e Kanto (Tóquio). As marionetas de Takayama têm origem na tradição de Nagoya. A peça a que assisti, e que é repetida várias vezes ao dia, tinha uma duração de cerca de 20 minutos e é acompanhada de música ao vivo. As marionetas são manipuladas através de cordas invisíveis por artistas consagrados nesta arte. Mexem as pernas, os braços, a cabeça e o corpo. E até dão piruetas, não sei como. Só sei é que de cada vez que isto acontecia, o público delirava, deixando escapar um "ohhhhhhhhhh" colectivo e aplaudindo entusiasticamente.  Interessante de ver.





A peça decorre num dos santuários portáteis
que desfilou ao longo das ruas.
As pessoas andam equipadas com plásticos azuis onde se sentam no chão.
Pensam em tudo para não se terem de sujar.
A personagem principal da peça
A banda que acompanha a peça


E é nisto que consiste o Festival de Takayama. Um desfile nocturno, outro diurno e uma peça de marionetas com lugares limitados, mas à qual é possível assistir graças às várias repetições ao longo do dia. Basta estar no local uns 15 minutos antes da peça começar. Sem encontrões, sem complicações. O tempo que planeei para estar na cidade chegou à justa. Depois de assistir à peça, ainda tive tempo para passear no centro histórico da vila e para ir ao mercado junto ao rio. E este sim, era bem grande e estava cheio de bancas de comida paralelas ao rio, muitas delas com doces, snacks e pratos locais. Ou seja, outro festival, mas de sabores, à espera de serem descobertos por paladares ocidentais. 

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