Kawaii: o culto japonês do "fofinho"


Uma "Lolita" de ar inocente. Quase todas andam de sombrinha para
se protegerem do sol porque quanto mais branquelas forem, melhor.

É raro o cartaz publicitário que não tem bonequinhos
Um carro numa exposição ao ar livre em Odaiba  (a margem sul de Tóquio)

Cartaz publicitário de uma casa de massagens
Compotas de fruta em embalagens que lembram biberons
O aviso de existência de Wi-Fi
Meninas de estilo colegial
Uma das muitas lojas que faz tratamentos às pestanas para
abrir mais os olhos. E vendem-se pestanas falsas em todas as esquinas!
A maior parte das máquinas de jogo tem bonecada para tentar apanhar.

Se tivesse de definir o Japão em três palavras, seriam "respeito", "harmonia" e "infantilidade".  São tudo facetas marcantes deste país que irei abordar ao longo das próximas semanas, senão meses (tenho tanto, mas tanto para contar!).  No país do sol nascente existe um fascínio brutal pela infância e a adolescência. E este deslumbramento está presente no dia a dia nas mais variadas formas. no design gráfico, na moda, na publicidade, na comida, na música e até na entoação que se dá à fala. É algo que nos desconcerta e nos intriga, até porque parece envolver algo de pedófilo, dada a proliferação de "Lolitas" por metro quadrado. Como se a idade perfeita das mulheres fossem os 10 anos. Freud deveria ter uma explicação...


Elefante num jardim em Ginza
Pãezinhos doces em forma de ursinho

Nunca, como no Japão, vi tantas máquinas de jogos que pemitem "pescar"peluches, tantas mascotes "quiduchas" em tudo o que é cartaz publicitário, tantos adultos a jogar Playstation nos transportes públicos, tantas mulheres com vestes de boneca ou look colegial e tantos rapazes maiores de 18 com peluches agarrados às mochilas. Até mesmo serviços mais "macho", como esquadras de polícia e forças militares, têm mascotes fofinhas de ar ternurento nos seus cartazes! Ora isto despertou-me a curiosidade e lá fui eu pesquisar à net o motivo que leva esta gente a sentir-se tão fascinado pela inocência, pureza, ternura, beleza e delicadeza. Impera assim o culto "kawai", o culto do "fofinho". E é claro que existem motivos para tal, sendo o mais convincente de todos o facto dos japoneses mudarem radicalmente de estilo de vida quando começam a trabalhar. Existe uma perda de liberdade tal que isto faz com que as pessoas coloquem os símbolos da infância e da juventude num pedestal. Afinal, ser muito jovem é ser livre e independente. Ou seja, o oposto do que se passa na sociedade ocidental onde começar a trabalhar significa, muitas vezes, ganhar asas para voar. Estranho, não é? Mas é isto que se passa. E a verdade é que o Japão não seria o Japão sem todos este folclore imagético que nos faz andar, permanentemente, de boca aberta. Uma bofetada cultural no seu melhor!


Autocarro lunminoso com mascotes de olhos grandes  à ocidental
No país dos pormenores, até as tampas de esgoto têm desenhos. 


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