Encontro inesquecível na Royal Mile,(Edimburgo)



Percorrer a Royal Mile de ponta a ponta é um daqueles passeios obrigatórios em Edimburgo. Esta é a zona mais antiga da cidade, com ruas que foram crescendo em redor do castelo. Existem aqui edifícios muito antigos, alguns da época medieval, igrejas, uma catedral, casas de figuras ilustres da história política e cultural de Edimburgo e vários museus. Mas para mim, esta rua vai ficar para sempre na memória, esse disco rígido que dificilmente apaga, como a rua onde me cruzei com Elaine Davidson, a mulher com mais piercings do Mundo! Quase cometia uma gaffe vergonhosa quando a vi e comecei a dar cotoveladas ao meu filho mais velho, com quem tenho enorme cumplicidade. Sussurrei-lhe: "Repara discretamente naquela mulher que ali vai com rastas de cores fluorescentes!".Era uma figura demasiado desconcertante para deixar perder de vista. Uma oportunidade única de mostrar ao meu filho pré-adolescente o desejo extremo que algumas pessoas sentem em alterar de forma radical o corpo que a Natureza lhes deu. Depois de dedicarmos alguns segundos de espanto à contemplação daquela ave rara, continuámos a ver as bancas de uma feira de artesanato. E eis que de repente o meu filho repara que a irmã está embasbacada a olhar para a senhora enquanto esta lhe dirige a palavra e lhe acaricia o cabelo.... "Temos de a ir salvar!!" Lá me aproximei da senhora, explicando, em inglês, que a menina não a percebia porque era portuguesa. E não é que a "personagem" começa a falar em português connosco? Por pouco, podia ter ouvidos os meus comentários de espanto, longe de imaginar que me podia ter entendido.. Era brasileira, vivia em Edimburgo e ganhava a vida a exibir-se pelo mundo fora. Estava derretida com a minha filha e fazia-lhe várias perguntas em inglês, mas ela, de boca aberta e olhar esbugalhado, não conseguia pronunciar nem uma sílaba.. Orgulhosa do seu "look", a senhora lá me disse o seu nome artístico - Elaine Davidson - sublinhando que estava no Guiness Book por ser a mulher com mais piercings do Mundo. Mais tarde, assim que cheguei ao quarto do hotel, a primeira coisa que fiz foi googlar o nome dela. Descobri que ela uma página oficial para marcação de eventos. Acho que nunca mais me vou esquecer da imagem desta mulher cuja quantidade de piercings era directamente proporcional à sua simpatia.

A ponta sul da Royal Mile

A casa mais antiga da cidade (1450) que pertenceu a John Knox,
líder da Reforma protestante



Museum of Childhood onde se conta como as crianças têm vivido
 ao longo dos séculos. Inclui uma grande exposição de brinquedos antigos.
The Royal Mile Tavern, um restaurante muito pitoresco

Gorros de lã engraçados para as crianças


Mercat Cross, o local onde Bonnie Prince Charles foi proclamado
 rei em 1745.


Existem várias empresas que oferecem visitas guiadas ao lado
obscuro da cidade: histórias sangrentas de bruxas e de fantasmas de
que os britânicos tanto gostam...
The Tron Kirk, uma catedral que data de 1630.


A câmara obscura de onde se pode ver uma vista panorâmica da cidade

O edifício do museu/loja The Scotch Whisky Experience, que apresenta
exposições multimédia sobre o whisky e vende whisky com preços
para todas as bolsas.A entrada é gratuita e vale a pena entrar.


Existem garrafas de whisky á venda por 3 mil euros...


Vale a pena fazer a Royal Mile de ponta a ponta. É sem dúvida uma rua muito turística mas, por isso mesmo, está cheia de vida. Tem sempre espectáculos de música, de stand up comedy, de ilusionismo, homens estátua e várias pequenas feiras de artesanato. E melhor do que a percorrer uma vez, é percorrer duas. Â segunda, já temos outra disponibilidade mental para a ver com calma, sentados numa das várias esplanadas onde, muito provavelmente, podemos ser atendidos por alguém que também fala português. São cada vez mais os portugueses e brasileiros que procuram a Escócia para estudar, trabalhar ou fazer as duas coisas em simultâneo. Um emprego a servir à mesa pode render cerca de 400 libras por semana. E não me enganei a escrever não senhor. Eu disse por semana.

Um dos homens-estátua mais curiosos que já vi,  um gentleman
sem cabeça.


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